14 de ago. de 2011

Memórias de encantamento

Acabei de receber de uma antiga paixão, trechos resgatados. 

1.
Amor é quando nasce morangos num pé de goiaba.

2.
Queria fazer filhos com seus pés, mas acabei me contentando com seus dedos.

3.
De manhã seus olhos passeiam por mim com um gosto azul. Eles passeiam e eu me perco.

4.
Tenho poucas fichas. Mas aposto todas. As cartas estão na mesa. Aposto também minhas camisas e dou um cheque pré-datado: até onde o seu cheiro me levar.

5.
Há um cantinho da sua língua que me faz acreditar no mundo.

13 de ago. de 2011

O mais fiel

O impossível é provavelmente o parente mais fiel. O pai falta, a mãe nem sempre vai poder. O tio divertido perde a graça. O avô sempre dura pouco. O impossível permanece. Infilitra-se no cobertor e te conta histórias no ouvido. E você as vezes chama de sonho, as vezes de pesadelo, as vezes é apenas aquela voz por dentro que não dá pra silenciar. A natureza do vínculo que temos com o impossível transcende o próprio umbigo. É impossivel permanecer com o cordão umbilical pra sempre. O impossivel é quase sempre um eco, um silencio que diz. Mas sabemos que o impossível é fluente em todas as linguas. Ele se lambuza no dialeto do amor. Porque o amor é esse sentimento que tenta tornar o impossível um analfabeto. O amor esta sempre entre dois movimentos: debochar do retrato do impossível, assim, deslavadamente, ou borrar o mesmo retrato com lágrimas, quando torna-se inevitável reconhecer a paternidade do mesmo. É isso, o impossível tem um parentesco nômade. Não se aquieta em nenhuma casa desse tabuleiro.

"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez."