29 de nov. de 2010

Não há silêncio que não termine

"Si no se saben mis palabras
no dudes que soy el que fui.
No hay silencio que no termine.
Cuando llegue el momento, espérame,
y que sepan todos que llego
a la calle con mi violín"

Neruda

28 de nov. de 2010

Escritores baianos

Está por Moçambique, Angola e Cabo Verde os melhores escritores baianos da atualidade. Volto a dizer. Não há qualquer desprezo com os escritores contemporâneos nascidos na Bahia. Mas todo mundo sabe que ser baiano não é simplesmente nascer na Bahia. Verger e Carybé provam isso. E há tantos que nascem na Bahia, por uma mera circunstância, sem qualquer envolvimento com o significado e identidade que isso implica. Termino agora de ler Ondjaki, de Angola, e esse ano Agualusa, Pepetela e - sempre - Mia Couto também frequentaram minhas leituras. Não consigo parar de reconhecer a baianidade neles.

"Antigamente as pessoas eram pessoas de chegar. Não sabíamos fazer despedidas."
Os da minha rua, Ondjaki

4 de nov. de 2010

Salvador

Ao trazer um inevitável olhar estrangeiro mesclado com o profundo sentimento de pertencimento a esta terra, me sinto o amante perfeito: aquele que por saber a melhor hora de partir, compartilha com sua parceira infiel o mistério efêmero que envolve a felicidade.

2 de nov. de 2010

Para Alice

Esse não é um blog de política. Talvez, depois de tantos anos, tenha se tornado um blog sobre nada. E só permanece por um motivo básico: construiu um vínculo que eu respeito muito, entre as pessoas que reconhecem aqui um espaço em comum para comungar sobre esse nada.
Acabei de receber um comentário, pouco respeitoso, ao qual irei reproduzir aqui. Veio de uma Alice, que por não ter se identificado melhor, não pude respondê-la diretamente.

"O que tem de beleza e sensatez aqui estraga quando se mete a comentar política. Babar ovo de políticos que trouxeram a corrupção institucionalizada no governo passado tira seus créditos. Aplaudiu muito O Palocci e até o Sarney que resolveu aparecer abertamente agora? E o Collor? Realmente, TER que votar em um menos pior é nosso dever de cidadão, mas defender corja de corruptos como fez e ainda faz me soa deprimente. E não tenho partido, não se trata de rivalidade partidária. Era uma fã. Não vejo coerência mais nas suas falas. Ficar torcendo pra politicagem e desonestos é vergonhoso. Boa sorte."

Eu quero continuar deixando esse blog um terreno isento do assunto político - dessa politicagem de partidos, nomes, manchetes, por uma questão simples: dou vazão a minha expressão política em outros lugares. Mas ao mesmo tempo eu não me senti confortável em simplesmente desconsiderar o comentário. Então a exceção fez sentido para mim.
Não vou responder aos pormenores. Até porque tem leviandades, preconceitos e de fato, nem como crítica política o comentário conseguiu encontrar consistência. Esse maniqueísmo insuflado por ambos os lados foi muito prejudicial para todos nós. Eu votei em Dilma Roussef para presidente da República. Possuo uma história pessoal e enquanto sujeito político que se aproxima muito dos rumos que o Governo Lula traçou. Isso não diminui em nada meu espírito crítico em relação a sua gestão. Assim como não diminui em nada a minha admiração por aqueles que discordam completamente dessa minha opção política. Como não postei nada dentro desse âmbito da política partidária ou eleitoral aqui no blog, provavelemente algo no meu twitter, que é afixado aqui no blog, deve ter expressado essa minha opinião.

Cara Alice, só posso lamentar a energia que você precisou mover para fazer esse comentário. Eu busco escolher com muita propriedade as pessoas que admiro - e o faço além e aquém das suas escolhas políticas, religiosas ou futebolísticas. Vergonha, eu sinto, de quem não consegue fazer o mesmo.