21 de out. de 2008

Nossas conversas

- Quero tocar pessoas. Quero beijá-las. De todas as formas possíveis. Seja com minha boca, seja com minhas imagens. E toda sorte de beijo. Do que afaga, ao que morde nos intervalos da língua.
- eu tb quero isso! e isso tem um preço. vc está disposto?
- mais do que disposição, tenho tesão. sem tesão, não sei permanecer.

[...]

Ainda farei um filme de nossa prosa, Faria.

9 de out. de 2008

Trecho de algum filme de mim

Você nunca conseguiu dizer adeus, não é? Sempre preferiu esse 'até logo' pro infinito. Nunca mais é um logo mais que desistiu de esperar.

Quase sentido

A beleza do sexo sem sentido não está na volúpia do instinto, nessa vazão ao que somos bichos. E sim, na permissão que nos damos a ignorância incompleta, já que nem como meros bichos regidos por instintos estamos completos. Permitir-se incompleto, permitir-se essa ignorância, do ato, do suor, da força do tesão e ponto. Esquecer-se do sentido.
Talvez por isso o dia posterior seja definitivamente um entrave na nossa trajetória de bichos. Porque o sexo sem sentido exige renúncia total: tanto das emoções demasiadas quanto das razões equilibradas. Sem sentimentos, sem reflexões.

Eu sei que o sexo é sempre algo sem muito sentido. Está em sua essência. É a incompreensão do corpo, uma dança que está sempre buscando novos ritmos, cansa fácil das coreografias certinhas ou dos passos engessados da dança de salão. Mas mesmo perdido, ele caminha conosco até certo ponto. Até a virada da esquina da alma. Ali, existe um vento frio que serve de porteiro dos sentimentos. Movimenta o corpo por dentro e por fora. Quando há qualquer coisa sem nome, sem face, sem idade, qualquer coisa que simplesmente transcende. E o dia posterior faz todo sentido do mundo. E a gente acontece. E a partir daí, qualquer sentido torna-se irrelevante. Sentir já demanda todo o corpo.
Por isso, mesmo reconhecendo toda a beleza que pode existir no sexo sem sentido, confesso esse desconforto. Com esse vento frio me barrando na esquina. Sem sentimento, o dia posterior me torna ainda mais só.

A solidão é uma desgraça na alma. Mas é uma desgraça honesta. Nesses tempos, impossível não reconhecer o valor dessa virtude.

Nas noites sem sentido, não existe honestidade. É preciso muita sinceridade para ser desonesto consigo mesmo.