20 de set. de 2008

Acontecer

Há 6 anos eu não possuo uma tv em casa. E isso só tem melhorado minha relação com essa entidade enigmática da cultura brasileira.

Na TV Record, o programa Hoje em Dia resolveu fazer uma matéria sobre o Sebastião Nicomedes - o Tião, que entre outras coisas foi o tema do documentário que realizei na conclusão da graduação. Em outros tempos, talvez eu me recusasse a participar dessa pequena alegoria, com esse sempre excessivo olhar crítico. Mas nesse caso não teria o menor cabimento. Depois de conhecer Tião, e meses depois, concluir a faculdade, comecei a entender com menos rebeldia e mais astúcia esses elementos do nosso carnaval midiático. Talvez não existisse personagem real mais pertinente para um pretenso sujeito da comunicação falar. A reportér errou meu nome - disse Vitor Freitas - mas depois fui salvo pelo nome escrito corretamente na tela.

Assista aqui.

15 de set. de 2008

Ela vai saber.

Ela diz ter medo de se apaixonar. Eu tenho medo de não conseguir mais me apaixonar. O medo dela fala uma língua embolada. O meu silencia com um olhar-pro-infinito. O medo dela é um charme; o meu, uma indelicadeza. O medo dela anuncia um pulo em cada sorriso; o meu, vai embora sem dizer adeus. O medo dela não gosta muito que o chamem de medo; o meu, detesta apelidos.

O medo dela me beijou na boca. Meu medo, por puro ciúme, começou a falar de coragem.

1 de set. de 2008

Trapézio

"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. Eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. Me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre."

Antônio Bivar, por Maria Bethânia no disco Drama 3°Ato, 1973.

Escute na voz dela.